A prostituição, a cidade e suas falas
Juliana Cavilha (BIEV/UFRGS)
jcavilha@yahoo.com.br
Esta comunicação é resultado de parte da pesquisa de doutorado, defendida em 2010 no programa de pós graduação em Antropologia Social na UFSC. Nesta pesquisa investiguei a construção de práticas sexuais na conformação da paisagem urbana, a partir de um estudo etnográfico com mulheres profissionais do sexo nas regiões centrais da cidade de Florianópolis/SC.
Aqui me propus a discutir a cidade a partir das narrativas biográficas destas mulheres, e procurarei enfatizar a forma como a cidade moderno-contemporânea participa de suas aprendizagens neste ofício.
Introdução[2]
Essa minha cunhada que era amante dele (o irmão), aí ela me ensinou, falou como era, que era a noite e era só para dançar e para beber. Ela disse se tu quiser beber gua raná, tu podes beber guaraná! Se tu quiser beber bebida tu podes beber, até que eu caí no whisky. Na primeira noite eu tomei um litro de whisky. Peguei aqueles de Laranjeiras do Sul/PR, aqueles da grana mesmo, usava só facão e revólver, um de cada lado. Eu nunca esqueço, ele perguntou para mim o que quê eu bebia, eu disse que tomava guaraná, ele disse assim: “Puta, vagabunda, toma é whisky, bota na mesa um litro de whisky aí porque ela vai tomar!” antigamente as profissionais tinham que fazer o que os homens queriam, hoje em dia não! (Márcia. Extrato de entrevista, 2007.)
Conheci Márcia como membro atuante do Grupo de Apoio à