A cultura como construção humana

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A cultura como construção humana O estruturalista francês Claude Lévi-Strauss definiu a principal tarefa da cultura como a de garantir a existência do grupo [sociedade] como grupo, e portanto de substituir o acaso pela ordem e organização. O estruturalismo ― como se sabe ― segue o neopositivismo [método científico] à risca, e não existe, em princípio, nenhuma “contaminação” metafísica nesta definição. A cultura é eminentemente um fenómeno humano. Como tal, está intrinsecamente ligada à “substância humana” que podemos definir utilizando o conceito de “modos” de Espinosa. A “substância humana” seria, assim, determinada por três “modos”, a ver: a actividade, a sensibilidade e a inteligibilidade ― acto ou acção, sensibilidade e ideia. …exibir mais conteúdo…

Karl Jaspers falou em “períodos axiológicos” da História; Oswald Spengler escreveu sobre a “História Viva” em que as civilizações ― como afirmações culturais ― se comportam como organismos vivos que nascem, crescem e morrem; Louis Lavelle fala-nos da cultura como o conjunto de valores sendo que o valor é o “espírito em acto” (Tratado dos Valores). Este postal tentará seguir uma linha de pensamento que perpassa as ideias destes três grandes nomes da filosofia moderna. Hoje, vivemos na Europa ― e a Ocidente ― uma guerra cultural que pode determinar o ressurgimento de uma nova “idade axiológica” (segundo Karl Jaspers). Esta guerra cultural não pode ser reduzida a uma simples mutação cultural relativa à marcha das gerações, porque se trata de uma tão profunda clivagem cultural que coloca em causa seriamente a coesão social tal qual definida por Claude Lévi-Strauss. Michel Foucault ― que era marxista ― profetizou essa clivagem cultural radical quando defendeu a ideia (As Palavras e as Coisas) de que a actual condição cultural do Homem como sujeito capaz de iniciativa e de escolha, dará lugar a uma sociedade em que “o Homem regressará à inexistência serena em que foi mantido durante certo tempo pela unidade imperiosa do Discurso”. Segundo Foucault, durante esse tempo primordial de “inexistência serena”, o Homem era detentor de uma linguagem que se constituía como pura representação das coisas na sua ordem imutável; a actual linguagem humana

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