A carta de pero vaz de caminha
Os navegantes europeus do século XV e XVI tinham a mente povoada de lendas e mitos. A busca do Paraíso Terrestre, por exemplo, foi uma das preocupações de Cristóvão Colombo. Em 1498, ele descobriu a foz do Rio Orinoco (na atual Venezuela) e, impressionado com a beleza do local, acreditou que, na nascente desse imenso rio, devia estar o paraíso de que fala a Bíblia. Eis um trecho da carta que ele escreveu aos reis Fernando e Isabel, da Espanha.
“A Sagrada Escritura atesta que Nosso Senhor criou o Paraíso Terrestre e nele colocou a árvore da vida. Daí saíam quatro grandes rios: o Gânges, na Índia; o Tigre e o Eufrates, na Ásia — que passam por um desfiladeiro,formam a Mesopotâmia e chegam até a Pérsia; e o Nilo, que nasce na Etiópiae desemboca no mar, na Alexandria. Não encontro e jamais encontrei nenhum escrito grego ou latino que diga onde se localizava precisamente, neste mundo, o Paraíso Terrestre; tampouco vi qualquer mapa-múndi que estabelecesse tal localização, a não ser por deduções. Alguns o colocam na nascente do Nilo, na Etiópia. Mas muita gente viajou até aquelas terras e nada achou no clima ou na altitude que confirmasse essa teoria, ou que provasse que as águas do Dilúvio, que as cobriram, tenham chegado até ali. Alguns pagãos tentaram demonstrar que aquele Paraíso ficava nas ilhas Fortunate (que são as Canárias), e Santo Isidoro, Beta, Estrabão, o mestre da história escolástica, Santo Ambrósio e Scotus e todos os